Há quase 21 anos eu nasci, era 28 de Junho e era noite. A lua estava cheia e eu nasci com a bunda virada pra ela, pelo menos é o que os meus amigos mais chegados me falam. Tive uma criação nos moldes cristãos (cheguei a ir pra igreja obrigado algumas vezes), onde eu tinha que ser uma pessoa boa, íntegra, de boa índole, e de caráter, apesar de tudo querer dizer a mesma porra... Aprendi que xingar era errado, que o diabo era o pai da mentira, e que se eu pegasse o que era dos outros, estava desagradando a Deus.
Tive uma infância muito agradável, brinquei descalço na rua, joguei bola no asfalto, lutava contra inimigos invisíveis para os outros e descia a ladeira sentado num skate, numa garrafa pet amassada ou num pé de patins, brinquei de pega-pega, esconde-esconde, chicotinho queimado, corrida de tampinhas, garrafão, sete pedrinhas, baleou... Enfim, todas as brincadeiras que um garoto da periferia teve direito, exceto empinar pipa (arraia), nunca gostei. Lembrar disso me dá uma serena felicidade.
Minha adolescência foi normal, como qualquer outra de qualquer pessoa da minha época: tinha a pressão pra perder o cabaço, a pressão pra ser popular, praticar esportes, ser extrovertido, pegar as meninas etc., sem falar nos limites, que ainda refletiam desde a infância. Eu tive tudo isso. Perdi o cabaço, fui popular, pratiquei diversos esportes, fui extrovertido, peguei as meninas, mas passei alguns limites: Bebi demais em algumas ocasiões, comecei a fumar (mas já parei, ok?), mandei professores tomar no cu, apertei os dedos na porta do colégio e quase perdi uns pedaços deles... É engraçado lembrar isso agora. Tudo que eu vivi me tornou esse Adolfo que você vê: escroto, desbocado, gaiato, bonito, modesto e sincero (hahahaha).
Não vou relutar dizendo que não tenho sorte, tenho sim, e tenho muita. Não vou mentir, dizendo que algumas coisas que aprendi na minha infância, levarei pra toda vida, até por que, muitas eu já abandonei. Não vou dizer que minha adolescência poderia ou deveria ser diferente, por que tudo que eu vivi me fez assim, e eu não quero mudar, quero ser esse Adolfo brincalhão aí do vídeo:
Texto: Adolfo Freitas @AdolfoFreitas
Colaboração: Klebson Jordão @Kreubi